domingo, 14 de agosto de 2011

O tempo não para...


"Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para..."
Cazuza 


É engraçado como tudo na vida da gente acontece concomitantemente e não temos tempo de refletir e decidir focarmos apenas em uma coisa em específico... Podemos sim estipular prioridades, mas teremos de lidar com tudo ao mesmo tempo.  Nesses momentos eu, em particular, me sinto atropelada por tantas informações e principalmente pela obrigação de reagir a elas. Seria tão mais fácil se os fatos mais relevantes das nossas vidas acontecessem um de cada vez e nos dessem a oportunidade de lidar apenas com eles naquele exato momento e que não precisássemos nos dividir em mil para resolver todas as grandes causas do mundo ao mesmo tempo...
 Sei que parece coisa de doido, mas já parou pra perceber que quando você está numa situação realmente delicada, você sente a necessidade de se desligar do resto, porém acaba por sucumbir por não ter a oportunidade de se dar ao luxo de resolver apenas essa tal pendência?
 Eu sinto um incrível desejo de descobrir um botão mágico que parasse o mundo para que eu pudesse resolver certas situações delicadas da vida... Lidar com encontros, desencontros, amores, desafetos, faculdade, estágios, família, bichinhos de estimação, shows que você adoraria estar presente, fazer aquela viagem que você está desejando há séculos, lidar com o seu flerte atual e com o passado, pensar no futuro, lembrar o que passou... É muita coisa... Muita informação para processar e infelizmente temos de fazê-lo enquanto comemos, caminhamos, malhamos, estudamos, falamos ao telefone... Porque a vida não para e espera para que possamos lidar com cada uma dessas situações.
E tanta coisa se perde nesse meio, palavras, sentimentos, contato, sensibilidade, agressividade, verdade, discórdia... A maior parte do que conseguimos resolver acaba por ser minimizado, limitado por falta de tempo para tratar cada uma delas com a devida importância que cada uma delas necessitaria...
Gostaria de poder experimentar cada uma dessas sensações ao extremo, amor, ódio, decepção, alívio, paixão... Queria poder desfrutar de tudo isso sem precisar dividir a minha experiência com milhares de outros sentimentos causados por milhares de outras situações que acontecem no cotidiano e que não podemos nos desligar.
Quero mudar, aprender, experimentar, explodir, manter o controle, me descontrolar, ser eu, não ser eu, me descobrir e me redescobrir, me enganar, me acertar, voltar atrás, prosseguir... Quero ter a oportunidade de passar por cada um desses estágios da vida e levar deles o melhor que cada um possa me proporcionar... Uma pena não podermos vivê-los intensa e isoladamente ....
Seria uma grande oportunidade... Acertaríamos muito mais do que cometeríamos erros por estarmos mais conscientes.
Queria resolver uma briga com uma amiga sem ao mesmo tempo precisar me preocupar com o trabalho da faculdade, com os afazeres domésticos, com o flerte carente, com os quilos a mais que ganhei... Seria bom conseguirmos abstrair 99% das preocupações e focarmos em uma de cada vez... UTOPIA! Sim, mas uma boa.  Seria mágico sermos capazes disso. Seríamos mais felizes e nossas decisões muito mais assertivas.
Nos preocupamos com tantas coisas que nos tornamos pessoas mais indecisas. Não temos certeza se queremos sair, se preferimos ficar a sós, se lemos, se ouvimos música, se ficamos no MSN e sabe o que a gente acaba por fazer? Tentamos fazer tudo ao mesmo tempo ou pelo menos o máximo de coisa que formos capazes de administrar ao mesmo tempo: telefone + PC + Ebook + Youtube  + Orkut+ Facebook.... E no final, não fizemos nada... Porque não conseguimos focar em nadaaaa.. Culpa nossa?  Não. Culpa da modernidade e do estilo de vida que a nossa sociedade escolheu para si e nós toleramos e nos enquadramos da melhor forma possível.
No entanto, é muito triste não termos a oportunidade de nos dar a liberdade de viver aquela ardente paixão ou profunda decepção de maneira plena... Sim, porque até as coisas ruins deveriam ser degustadas ao máximo para nos dar a chance de crescimento pessoal. Não temos direito ao choro, ao riso, à reclamação, ao elogio, à vivência plena. Apenas nos contentamos em viver um pouquinho delas no meio do turbilhão de coisas às quais somos submetidos diariamente.
Como estava falando anteriormente, queria olhar a lua e procurar o bendito coelho que um dia alguém me garantiu estar lá. Queria beber a minha garrafa de vinho sem preocupação das obrigações do outro dia, queria resolver aquela pendência amorosa que um dia deixei pra trás por julgar assim mais fácil, queria aquela DR com a ex melhor amiga, queria que a graduação escolhesse melhor momento para cobrar responsabilidades, queria poder pegar o vôo direto para os confins da terra sem preocupação com o que deixei pra trás ou com o quanto poderia gastar...
Ah, poderia passar o resto da noite a descrever como gostaria que o mundo fosse e como acho ingrato o jeito que ele é.. Seria capaz de enumerar todas as muitas experiências que gostaria de presenciar e viver plenamente... Mas, como bem sabemos tudo não passará de vontades, sonhos, imaginação, divagação e devaneios de alguém que não consegue entender como o mundo realmente é e o seu real sentido...  Porque esse nosso moderno jeito de vida não faz o mínimo sentido para mim. Desculpem-me a sinceridade... Entretanto, essa vida de fazer-tudo-junto-e-ao-mesmo-tempo absolutamente não faz o mínimo sentido. Parece que vivemos tudo de mentirinha e com gostinho de quero-mais, sem podermos nos dar ao luxo de pedir “ bis”.





                    


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